
Todo mundo precisa de momentos de relaxamento e aconchego para dar fôlego às demais atividades do cotidiano. Com as crianças não é diferente! Seguindo a proposta curricular da escola, a UME Estado do Rio Grande do Sul resolveu garantir um ambiente agradável e familiar para alunos e alunas.
Assim surgiram o redário e o tablado de madeira, espaços criados para permitir que os pequenos sintam-se plenamente acolhidos na unidade de período integral. Cindiane Andrade Martins, coordenadora pedagógica da UME, conta que a ideia contribui muito para a aprendizagem, autonomia e desenvolvimento das crianças. O objetivo é permitir o protagonismo dos alunos, dando a eles a liberdade de expressar suas vontades e vivências ao ar livre.Hoje, 115 crianças de 4 a 5 anos podem fazer leituras, cantar, conversar, pensar ou simplesmente descansar. “Em nosso projeto político pedagógico temos essa premissa da escola ser um espaço acolhedor, com uma preocupação estética, afinal de contas os pequenos passam a maior parte do tempo deles nesse ambiente, cerca de 9 horas por dia”.
Cindi complementa que por se tratar de uma escola com uma proposta pautada na autonomia e no respeito às crianças, elas sentem que têm voz e vez e opinam em tudo que acontece. “Elas avaliam os processos e participam da mudança. Inclusive, o redário foi uma reivindicação das alunas e alunos em anos anteriores”.
Na Rio Grande do Sul, criatividade e engajamento dos professores ajudam a superar os percalços que tanto assolam a escola pública e que em Cubatão também deixam rastros. Criando novos contextos com intencionalidade pedagógica, a equipe desenvolveu o Projeto Sankofa. O conceito de Sankofa (Sanko = voltar; fa = buscar, trazer), origina-se de um provérbio tradicional entre os povos de língua Akan, da África Ocidental, em Gana, Togo e Costa do Marfim. Pode ser traduzido também como “sabedoria de aprender com o passado para construir o presente e o futuro”.
Dentro do projeto, que ocorre anualmente e envolve muitas outras atividades, a escola criou os chamados “cantos simbólicos”. “As crianças começam estudando o corpo humano, alimentação e depois partem para características físicas para, em seguida, estudar a formação do povo brasileiro”, resume Cindi.
Para abordar o corpo humano, por exemplo, o canto simbólico reproduz o ambiente de um hospital, onde as crianças passam algum tempo estudando aspectos de ciências e biologia. Já quando o assunto é alimentação, o canto simbólico se transforma em um mercadinho. As crianças literalmente vão às compras e se deparam com prateleiras e gôndolas cheias de mercadorias e todo um cenário característico para colocarem em jogo as escolhas nutricionais, exercitando também a matemática e a escrita.
O projeto ainda trabalha a identidade, construindo nos pequenos uma autoimagem positiva, refletindo sobre o racismo e combatendo preconceitos. “Os resultados com os estudantes e as com as famílias são visíveis.Temos meninas que param de alisar os cabelos e meninos que param de raspá-los. Juntos contribuímos para a valorização da estética preta e para a desconstrução da imagem de pretos como pessoas ruins”.
Como disse Paulo Freire, “O fato de nos percebermos no mundo, com o mundo e com os outros nos põe numa posição em face do mundo, que não é de quem não tem nada a ver com ele. Afinal, nossa presença no mundo não é a de quem a ele se adapta, mas a de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas também sujeito da história”.
Todo o reconhecimento a equipe pedagógica, professoras e professores, funcionárias e funcionários, familiares e crianças da UME Rio Grande do Sul. Viva a “Educação que Resiste”!




